1. |
corpos celestes
02:36
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bocas azuis
seios disformes
coxas cegas
sexos em lótus
entranhas
as almas encontram-se na suspensão temporária da realidade
e desde o romper do dia
engolimos a aquarela dançante de horizontes aflitos
cuspindo tons avermelhados de fogo
nós nos alimentávamos da luz do sol
escondida em feixes na sala-de-estar
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2. |
sem título
04:56
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seu suor ardido dentro dos meus olhos de nuvem
seu corpo liso caindo
seus rifles no céu na minha boca
as balas em meus dentes
o vácuo na garganta
fumaça no quarto escuro
trememos no chão frio
damos as mãos na aurora
meus germes crescem nas paredes
as ervas cobrem o teto
você aperta meu pescoço fino
lambe meus olhos de fogo
quebra minhas costelas tortas
grito teu nome na ausência de ar
grito tua fome na ausência de luz
somos larvas moribundas
nos arrastando no limbo estéril de nossas casas enfermas.
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3. |
menino
06:48
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da onde venho eu se não de seu útero morto | o cheiro é de morte
de seu vazio cansado | mas morrer é doce pro menino nati-morto
de sua barriga murcha | o cheiro da podridão honesta
meu filho nasce azulado | o azedo das cores pastéis
da fome de tudo | o escorrer do nariz e as moscas atordoadas
das dores nas tripas | as unhas cheias
as roupas brancas dos pacíficos ainda se mantém brancas | de pele morta e terra
mas não, as de meu filho não | o couro curtido do sol
o branco é encardido feito a sua alma | meu filho canta sambas pra deus
o encardido é manchado | deus chora
a mancha, vermelha | mas samba não é feliz, deus?
o vermelho seco já é cor de vinho tinto | mas você é triste, menino.
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